MEUS LIVROS

Pessoal, tenho dois livros lançados. Para adquiri-los acesse os links a seguir:

Nos trilhos do trem e outras (livro impresso) crônicas: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/nos-trilhos-do-trem-e-outras-cronicas/

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (versão e-book): https://www.amazon.com.br/Verso-Prosa-Poesias-para-cr%C3%B4nicas-ebook/dp/B08ZY24DPG/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=verso+e+prosa&qid=1618406411&sr=8-1

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (livro impresso): https://clubedeautores.com.br/livro/verso-e-prosa-2

O QUE VOCÊ PROCURA NESTE BLOG?

CONHECENDO O AUTOR DO BLOG

O professor e escritor Marcos Cortinovis Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, na capital, em 1975. Após estabelecer-se profissionalmente como professor, foi morar em Mangaratiba, município da Costa Verde fluminense, onde permaneceu por três anos. Atualmente reside em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, compreendida entre a Baixada Fluminense e a Costa Verde.

Casou-se em 1998, tem dois filhos e um neto. Estudou Direito, mas não chegou a se formar, trancou o curso quando iniciou o quinto ano da faculdade e, em seguida, ingressou no curso de Letras. Fez especialização em Linguística e Língua Portuguesa e cursou Mestrado, cuja pesquisa volta-se à leitura e produção textual de alunos em privação de liberdade.

É professor da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, possui duas matrículas públicas: por uma delas, é lotado em uma escola situada em um presídio, onde, além de lecionar Língua Portuguesa e Literatura, coordena trabalhos extraclasse – o Festival de Música e o Café Literário – os quais visam não apenas o desenvolvimento intelectual dos alunos, mas também a sensibilidade artística deles; por outra matrícula, leciona Português e Literatura em Itaguaí.

Lançou-se pela primeira vez no mundo da literatura como escritor com a obra "Nos trilhos do trem e outras crônicas", em que, além de outros temas, inspira-se no dia a dia do trem suburbano do Rio de Janeiro.

Além disso, inspirou-se em cronistas pelos quais tem grande admiração – Luís Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga e Zuenir Ventura – e pretende alçar mais voos no universo literário.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Naturalismo

 1) O que é o Naturalismo?

2) Quais as principais características desse movimento?

3) Quando esse movimento chegou ao Brasil?

4) No Brasil, quem foi o principal representante desse período?

5) Quais foram as obras mais destacadas a respeito desse autor?

6) Marque (R) para Realismo e (N) para Naturalismo:

a) (       ) Análise psicológica dos personagens

b) (      ) Análise comportamental dos personagens

c) (       ) Expressão de patologias sociais

d) (      ) Expressão de patologias individuais

e) (       ) Personagens cuja realidade social é marginalização

e) (       ) Personagens cuja realidade social é de privilégios



GABARITO

1) Foi um movimento cultural relacionado ao teatro, artes plásticas e literatura. Foi também uma radicalização do Realismo.

2) Mundo explicado através das forças da natureza; forte influência do evolucionismo de Charles Darwin; A realidade é mostrada de forma científica; Uso de descrições de ambientes e de pessoas; Linguagem coloquial, entre outras.

3) Chegou no Brasil no final do século XIX.

4) Aluísio de Azevedo.

5) O Mulato e o Cortiço.

6)

a) (R

b) (N

c) (N

d) (R

e) (N

e) (R

Naturalismo

 Leia o fragmento a seguir do livro O Mulato e faça o que se pede:

Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio:

– Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher sempre foi escrupulosa a esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!… Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!… O senhor é um moço muito digno, muito merecedor de consideração, mas… foi forro à pia, e aqui ninguém o ignora.

– Eu nasci escravo?!…

– Sim, pesa-me dizê-lo e não o faria se a isso não fosse constrangido, mas o senhor é filho de uma escrava e nasceu também cativo.

– Raimundo abaixou a cabeça. Continuaram a viagem. E ali no campo, à sombra daquelas árvores colossais, por onde a espaços a lua se filtrava tristemente, ia Manoel narrando a vida do irmão com a preta Domingas. Quando, em algum ponto hesitava por delicadeza em dizer toda a verdade, o outro pedia-lhe que prosseguisse francamente, guardando na aparência uma tranquilidade fingida. O negociante contou tudo o que sabia.

– Mas que fim levou minha mãe?… a minha verdadeira mãe? perguntou o rapaz, quando aquele terminou. Mataram-na? Venderam-na? O que fizeram com ela?

– Nada disso; soube ainda há pouco que está viva… É aquela pobre idiota de São Brás.

– Meus Deus! Exclamou Raimundo, querendo voltar à tapera.

– Que é isso? Vamos! Nada de loucuras! Voltarás noutra ocasião!

Calaram-se ambos. Raimundo, pela primeira vez, sentiu-se infeliz; uma nascente má vontade contra os outros homens formava-se na sua alma até aí limpa e clara; na pureza do seu caráter o desgosto punha a primeira nódoa. E, querendo reagir, uma revolução operava-se dentro dele; ideias turvas, enlodadas de ódio e de vagos desejos de vingança, iam e vinham, atirando-se raivosos contra os sólidos princípios da sua moral e da sua honestidade, como num oceano a tempestade açula contra um rochedo os negros vagalhões encapelados. Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.

– Mulato!

(Aluísio de Azevedo. O MULATO. L&PM Editores, Porto Alegre, 2002)

 Assinale a única opção correta a respeito do texto.

 1. O texto nos prova que o romance trata o assunto do preconceito:

 a. (   ) racial         b. (   ) político       c. (   ) religioso      d. (   ) econômico

 2. Fala-se de um prejuízo que se deve entender como:

 a. (   ) sentimental      b. (   ) econômico       c. (   ) religioso    d. (   ) social

 3. Raimundo é filho de pai:

 a. (   ) preto       b. (   ) mulato     c. (   ) branco       d. (   ) escravo

 4. O pedido de casamento é recusado por:

 a. (   ) causa da condição econômica do pretendente

b. (   ) causa da condição social do pretendente

c. (   ) temor à reação da sociedade

d. (   ) haver outro pretendente

 5. Raimundo e Manoel eram, respectivamente:

 a. (   ) afilhado e padrinho

b. (   ) filho e pai

c. (   ) genro e sogro

d. (   ) sobrinho e tio

 6. A verdadeira mãe de Raimundo estava:

 a. (   ) escrava      b. (   ) casada        c. (   ) viva    d. (   ) morta

 7. Até aquele momento, Raimundo era um homem:

 a. (   ) ambicioso      b. (   ) desonesto      c. (   ) escravo      d. (   ) honesto

 8. Raimundo foi declarado livre da escravidão na época de:

 a. (   ) seu nascimento       b. (   ) seu batismo       c. (   ) sua infância       d. (   ) juventude

 9. Raimundo deve ter sido criado:

 a. (   ) num ambiente de riqueza

b. (   ) ignorante da sua situação de origem

c. (   ) sabedor da sua situação de origem

d. (   ) num ambiente de riqueza e ignorante da sua situação de origem

 10. Manoel considera Raimundo um pretendente:

 a. (   ) indigno       b. (   ) estranho      c. (   ) amigo     d. (   ) pobre

 11. Manoel era:

 a. (   ) rico      b. (   ) pobre    c. (   ) político     d. (   ) rico e negociante

 12. Raimundo pediu em casamento:

 a. (   ) a prima     b. (   ) sobrinha      c. (   ) a afilhada     d. (   ) a tia

 13. Raimundo tinha a aparência física de:

 a. (   ) branco      b. (   ) preto       c. (   ) índio     d. (   ) estrangeiro

 14. Sabendo da existência da mãe, a primeira atitude de Raimundo nos revela:

 a. (   ) ódio       b. (   ) surpresa       c. (   ) desespero       d. (   ) descrença



GABARITO

1) a)

2) d)

3) b)

4) c)

5) d)

6) c)

7) d)

8) a)

9) d)

10) c)

11) d)

12) a)

13) a)

14) b)


Atividade extraída de https://armazemdetexto.blogspot.com/2017/04/literatura-o-mulato-com-gabarito.html

 

Realismo

 Leia o fragmento a seguir do livro O Ateneu e responda às questões 1 e 2:

 Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

            Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

            O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

 1) Ao descrever O Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela:

 a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais.

b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional.

c) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino.

d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares.

e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do avanço

social.

 2) A história é narrada por Sérgio, protagonista do romance de Raul Pompeia, que é obrigado por seu pai a estudar no Ateneu. Extraia do texto uma forma de o narrador mostrar sua crítica a essa situação.

 O trecho a seguir, da mesma obra de Raul Pompeia, dever lido para se responder à questão 3:

             “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”

            Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.

Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida.

Eu tinha onze anos.

 3) Este início de romance traz uma atmosfera carregada de prenúncios de fatos que vão balizar a vida da personagem.

 a) Quais são os aspectos dominantes desses prenúncios?

 b) O narrador está dentro dos acontecimentos e no mesmo tempo na narração? Explique.


GABARITO

1) a)

2) “o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada”

3)

a) O fim das ilusões infantis, a falta de apoio e proteção dos pais, a amargura do narrador-personagem percebendo-se impotente diante dos fatos.

b) Não. A narração é feita em 1ª pessoa, mas o tempo em que transcorre a ação é passado em relação ao tempo em que o narrador se situa.

Realismo

 Leia o trecho de Dom Casmurro e faça as questões a seguir 1 e 2:

A pergunta era imprudente, na ocasião em que eu cuidava de transferir o embarque. Equivalia a confessar que o motivo principal ou único da minha repulsa ao seminário era Capitu, e fazer crer improvável a viagem. Compreendi isto depois que falei; quis emendar-me, mas nem soube como, nem ele me deu tempo.

— Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo enquanto não pegar algum peralta da vizinhança, que case com ela…

Estou que empalideci; pelo menos, senti correr um frio pelo corpo todo. A notícia de que ela vivia alegre, quando eu chorava todas as noites, produziu-me aquele efeito, acompanhado de um bater de coração, tão violento, que ainda agora cuido ouvi-lo. Há alguma exageração nisto; mas o discurso humano é assim mesmo, um composto de partes excessivas e partes diminutas, que se compensam, ajustando-se. Por outro lado, se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas senão da memória, chegaremos à exata verdade. A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante. Não esqueças que era a emoção do primeiro amor. Estive quase a perguntar a José Dias que me explicasse a alegria de Capitu, o que é que ela fazia, se vivia rindo, cantando ou pulando, mas retive-me a tempo, e depois outra ideia…

Outra ideia, não, – um sentimento cruel e desconhecido, o puro ciúme, leitor das minhas entranhas. Tal foi o que me mordeu, ao repetir comigo as palavras de José Dias: «Algum peralta da vizinhança». Em verdade, nunca pensara em tal desastre. Vivia tão nela, dela e para ela, que a intervenção de um peralta era como uma noção sem realidade; nunca me acudiu que havia peraltas na vizinhança, vária idade e feitio, grandes passeadores das tardes. Agora lembrava-me que alguns olhavam para Capitu, – e tão senhor me sentia dela que era como se olhassem para mim, um simples dever de admiração e de inveja. Separados um do outro pelo espaço e pelo destino, o mal aparecia-me agora, não só possível mas certo.

 1) Esse trecho revela a natureza extremamente ciumenta de Bentinho (o Dom Casmurro, protagonista da obra machadiana), pois não há nenhum indício concreto de que Capitu deixara de gostar dele. Tal comportamento confirma que característica típica das obras realistas e muito frequente nas obras de \Machado de Assis?

 2) Em sua conversa com o amigo de sua família, o José Dias, que faz insinuações maldosas  sobre Capitu. A atitude de José Dias, a qual faz Bentinho ter uma crise de ciúmes, confirma que característica das obras realistas?

 3)

“Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia… Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu… E explicou-me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo.”

(Dom Casmurro, Machado de Assis)

 O trecho acima trata do momento em que Bentinho se redescobre após José Dias anunciar os amores do protagonista por Capitu. Sendo assim:

 

a) Interprete os fragmentos:

I) “tudo o que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena”.

II)  “Agora é que eu ia começar a minha ópera”.

 b) Que comportamento social é evidenciado nesses fragmentos?



GABARITO:

1) Confirma a complexa caracterização psicológica dos personagens. Nesta obra, narrada pelo próprio Bentinho, os eventos são questionáveis, já que o ponto de vista da narração parte do próprio personagem.

2) Os escritores do momento investigavam o comportamento humano para que seus personagens estivessem mais próximos da realidade. Assim, faziam parte da prosa realista pessoas comuns, com defeitos, manias, fraquezas, ambições e interesses, ou seja, os comportamentos revelados na atitude de José Dias.

3) 

I) Bentinho moldava sãs atitudes conforme os anseios da sociedade, não pautado em suas vontades.

II) Bentinho começaria a conduzir a sua vida, conforme as suas vontades.

b) A falsidade, pois o personagem não agia segundo as suas próprias vontades.

 

 

 

 

Realismo

 Leia o fragmento de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:

 “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, a força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.”

 1) No trecho dado, o narrador, que é um defunto, fala sobre as vantagens em estar  morto, no que se refere a poder falar e agir com verdade. Essa afirmação fica bem expressa em uma das frases iniciais. Que frase seria essa?

 2) O fragmento “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos” expressa que característica própria da literatura realista?

 3) O que o autor quis dizer com “Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia”?


GABARITO

1) A frase “advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto”.

2) A crítica aos valores sociais da época, em que as pessoas agiam de maneira falsa e hipócrita.

3) O autor mostra implicitamente nesse trecho que, sendo morto, o personagem não precisa mais se preocupar com a opinião alheia, estando livre para agir conforme sua própria consciência, sem se preocupar se será julgado pelos outros.

Realismo

 1) Quando iniciou o Realismo no Brasil?

2) A introdução do estilo realista começou através de uma publicação.

a)      Qual foi essa obra?

b)      Quem foi o autor?

3) De que maneira o Realismo rompe com o Romantismo?

 4) (PUC-PR 2007) Sobre o Realismo, assinale a alternativa INCORRETA:

a)      O Realismo surgiu na Europa, como reação ao Naturalismo.

b)      O Realismo e o Naturalismo têm as mesmas bases, embora sejam movimentos diferentes.

c)      O Realismo surgiu como consequência do cientificismo do século XIX.

d)     Gustave Flaubert foi um dos precursores do Realismo. Escreveu Madame Bovary.

e)      Emile Zola escreveu romances de tese e influenciou escritores brasileiros.

 5) O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi Machado de Assis, teve como característica principal a retratação da realidade tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da visão romanceada que vigorava até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o Realismo situou-se, são corretas as proposições: 

I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de conformidade, configurando o contentamento da colônia com sua metrópole, Portugal. 

II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil foi retratado com fidedignidade, reagindo às propostas românticas de idealização do homem e da sociedade.

 

III- O país vivia o declínio da produção açucareira e o deslocamento do eixo econômico para o Rio de Janeiro em razão do crescimento do comércio cafeeiro. 

IV- Teve grande influência das teorias positivistas originárias na França, onde também havia um movimento de intensa observação da realidade e descontentamento com os rumos políticos e sociais do país. 

V- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam as teorias de expansões territoriais que culminaram nas duas grandes guerras. O Realismo teve como propósito denunciar esse panorama de instabilidade mundial.

 Estão corretas:

 a) todas estão corretas.

b) apenas I e II estão corretas.

c) I, II e III estão corretas.

d) II, III e IV estão corretas.

e) I e V estão corretas.

 6) Sobre a literatura realista, é incorreto afirmar:

 a) Teve início na Europa com a publicação do romance Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, e do romance naturalista Thérèse Raquin (1867), de Émile Zola. 

b) Em comum, Realismo e Naturalismo apresentam os seguintes aspectos: combate ao Romantismo, o resgate do objetivismo na literatura e o gosto pelas descrições. 

c) Entre as principais características do Realismo estão: personagens planas, de pensamentos e ações previsíveis, individualismo, subjetivismo e linguagem culta permeada por metáforas. 

d) Entre as principais características do Realismo estão: personagens trabalhadas psicologicamente, universalismo, objetivismo, linguagem culta e direta.


GABARTITO

1) O Realismo no Brasil teve o seu início, oficialmente, em 1881.

2)

a) Memórias Póstumas de Brás Cubas

b) Machado de Assis

3) Ao contrário do Romantismo, a literatura realista propõe a representação da sociedade sem idealizações e subjetividades.

4) a)

5) d)

6) c)

domingo, 11 de outubro de 2020

Proposta de redação

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A QUESTÃO DA CULTURA DO CANCELAMENTO NAS REDES SOCIAIS”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

 TEXTO I

 
https://pt-br.facebook.com/quebrandootabu/posts/3180181482038217

TEXTO II

 

Movimento que tem força principalmente nas redes sociais, a cultura do cancelamento envolve uma iniciativa de conscientização e interrupção do apoio a um artista, político, empresa, produto ou personalidade pública devido à demonstração de algum tipo de postura considerada inaceitável. Normalmente, as atitudes que geram essa onda são do ponto de vista ideológico ou comportamental.

 

https://canaltech.com.br/redes-sociais/a-cultura-de-cancelamento-foi-eleita-como-termo-do-ano-em-2019-156809/

 TEXTO III

 Como tudo na vida, a cultura do cancelamento tem bônus e ônus. Como ponto positivo, percebo a indignação das pessoas em relação a situações que antes passavam despercebidas, como casos de preconceito, machismo e racismo, além dos citados acima. No entanto, o ponto negativo desse “movimento” está na “anulação” por completo. Não há uma conversa, não há uma busca por se colocar no lugar do outro. É claro que há atitudes que são deploráveis e até criminosas. E, para usar outro termo da internet, não é preciso “passar pano” acobertando erros. Mas a decisão de cancelar alguém, muitas vezes, pode ser drástica demais. É como se tivéssemos o poder de eliminar, ao melhor estilo do que ocorre em realities shows — onde isso, de fato, é uma brincadeira, parte de uma dinâmica de jogo — sem direito a resposta ou retratação.

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/opiniao/2020/03/17/internas_opiniao,834742/artigo-a-cultura-do-cancelamento.shtml

 TEXTO IV

Os impactos: positivos, negativos e nulos

Muitos daqueles que foram alvo de cancelamentos, ou que se solidarizam com pessoas que tenham sido criticadas dessa forma, se queixam de uma perseguição inquisitorial que cercearia o discurso e as ações de comediantes, artistas, políticos e youtubers. Críticos apontam ainda que as reações muitas vezes alcançam dimensões desproporcionais ou se dão sem base em fatos. “Não existe qualquer zona cinzenta a partir da lógica do espetáculo”, pondera o doutor em psicologia Leonardo Goldberg. “E a cultura do cancelamento entra nessa esteira de modo completamente arbitrário, porque [faz parte] da lógica da não contradição, tão presente na internet. Não existe conversa ou escuta”. “Acho que o [aspecto] negativo é a forma como a gente lida numa certa cultura do ‘hater’, do ódio, esquecendo que precisa fazer críticas mais embasadas e ter mais consciência coletiva da nossa responsabilidade”, disse ao Nexo a colunista e feminista Stephanie Ribeiro. Os efeitos da cultura do cancelamento, no entanto, são em geral menos efetivos do que os “canceladores” poderiam desejar e do que os “cancelados” costumam alardear. “Às vezes, é uma forma até meio rasa de lidar com questões que são estruturalmente muito complexas”, afirma Ribeiro. “Não vejo impactos muito reais em relação a manifestações virtuais que confrontam comportamentos ou falas”. Ela cita o caso do jornalista William Waack, que foi demitido da Rede Globo após o vazamento de um vídeo no qual fazia comentários racistas, e teve sua contratação recentemente anunciada por uma nova emissora. (...)

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/11/01/Quais-os-efeitos-da-cultura-do-cancelamento

TEXTO V

https://images.app.goo.gl/NGKcNpG8TZdKTTnz9