MEUS LIVROS

Pessoal, tenho dois livros lançados. Para adquiri-los acesse os links a seguir:

Nos trilhos do trem e outras (livro impresso) crônicas: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/nos-trilhos-do-trem-e-outras-cronicas/

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (versão e-book): https://www.amazon.com.br/Verso-Prosa-Poesias-para-cr%C3%B4nicas-ebook/dp/B08ZY24DPG/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=verso+e+prosa&qid=1618406411&sr=8-1

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (livro impresso): https://clubedeautores.com.br/livro/verso-e-prosa-2

O QUE VOCÊ PROCURA NESTE BLOG?

CONHECENDO O AUTOR DO BLOG

O professor e escritor Marcos Cortinovis Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, na capital, em 1975. Após estabelecer-se profissionalmente como professor, foi morar em Mangaratiba, município da Costa Verde fluminense, onde permaneceu por três anos. Atualmente reside em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, compreendida entre a Baixada Fluminense e a Costa Verde.

Casou-se em 1998, tem dois filhos e um neto. Estudou Direito, mas não chegou a se formar, trancou o curso quando iniciou o quinto ano da faculdade e, em seguida, ingressou no curso de Letras. Fez especialização em Linguística e Língua Portuguesa e cursou Mestrado, cuja pesquisa volta-se à leitura e produção textual de alunos em privação de liberdade.

É professor da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, possui duas matrículas públicas: por uma delas, é lotado em uma escola situada em um presídio, onde, além de lecionar Língua Portuguesa e Literatura, coordena trabalhos extraclasse – o Festival de Música e o Café Literário – os quais visam não apenas o desenvolvimento intelectual dos alunos, mas também a sensibilidade artística deles; por outra matrícula, leciona Português e Literatura em Itaguaí.

Lançou-se pela primeira vez no mundo da literatura como escritor com a obra "Nos trilhos do trem e outras crônicas", em que, além de outros temas, inspira-se no dia a dia do trem suburbano do Rio de Janeiro.

Além disso, inspirou-se em cronistas pelos quais tem grande admiração – Luís Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga e Zuenir Ventura – e pretende alçar mais voos no universo literário.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Célio, Vencedor do Rally de Damasco - II, de Marcos Cortinovis Carvalho

Célio, Vencedor do Rally de Damasco - II

Seu Célio adorava um barzinho, uma cervejinha gelada. Fez muitos amigos por aí, entre um copo e outro.
Certa vez, num dia de frio, ele apareceu no bar com um casaco da Companhia Vale do Rio Doce, uma mineradora, antiga estatal que foi vendida a preço de banana para o empresariado internacional. Ele havia ganhado o casaco de seu irmão que trabalhava nessa empresa. O casaco era bom, bonito, grosso, esquentava bem, protegia do frio. E trazia no peito as iniciais da empresa CVRD.
Um amigo de bar ficou interessado no bendito casaco e quis saber referências dele para, quem sabe, comprá-lo em alguma loja. Mas seu Célio não revelou do que se travava. E, curioso e interessado, o sujeito perguntou:
- O que significa CVRD.
Nesse momento, seu Célio não conseguiu conter seu ímpeto sarcástico e brincalhão.
- Significa Célio, Vencedor do Rally de Damasco.
Riram muito da resposta. E o sujeito foi embora orgulhoso por conhecer alguém que já participara de um Rally e o vencera.

sábado, 24 de novembro de 2018

A ocasião faz mesmo o ladrão?, de Marcos Cortinovis Carvalho


A ocasião faz mesmo o ladrão?
(Marcos Cortinovis Carvalho)

Recentemente, eu vi num noticiário jornalístico que um estado do Nordeste brasileiro, devido à crise financeira, não estava fazendo o repasse da verba à empresa que mantém os equipamentos de multagem eletrônica aos infratores das leis de trânsito. Portanto, o motorista que avançasse um sinal fechado ou ultrapassasse o limite de velocidade das vias, por exemplo, não era multado. O resultado disso, segundo a matéria do jornal, foi o aumento das infrações de trânsito. Difícil crer nisso, não é? Na verdade, não. Tratando-se de Brasil, isso é absolutamente normal.
O cidadão e a cidadã do bem, “cumpridores dos seus deveres”, trabalhadores e trabalhadoras, bons pais e boas mães, bons filhos e boas filhas, não perdem tempo em se corromper quando a oportunidade é boa para tal. Seria “a ocasião faz o ladrão”? ou, na verdade, seria “o ladrão já está feito, ele apenas aproveita a ocasião”? Creio que a segunda indagação seja mais apropriada.
Em outro estado brasileiro, do Sudeste, também passando por grave crise econômica, houve atraso no pagamento dos policiais militares. O que os agentes fizeram, portanto? Greve. Pararam de trabalhar. E o que ocorreu por lá? Iniciou-se a maior ocorrência de saques às lojas. Várias lojas. Diariamente. A imprensa cobriu e registrou gente levando geladeira, televisores, computadores, celulares. Acho que algumas pessoas até roubaram comida. E quem estava praticando os saques às lojas? O cidadão e a cidadã do bem, “cumpridores dos seus deveres”, trabalhadores e trabalhadoras, bons pais e boas mães, bons filhos e boas filhas e uma vereadora.
Furtar energia elétrica, furtar água, comprar itens pirateados, comprar itens provenientes de roubo, não respeitar filas, não respeitar a preferência dos idosos são algumas das várias infrações cometidas pelo cidadão e a cidadã do bem, “cumpridores dos seus deveres”, trabalhadores e trabalhadoras, bons pais e boas mães, bons filhos e boas filhas.
No país em que se brada que “bandido bom é bandido morto”, o que se mais vê é “telhado de vidro”. Por isso, no Brasil, não acredito que a ocasião faça o ladrão. Acredito que o ladrão se aproveita da ocasião.


sexta-feira, 23 de março de 2018

ENEM 2017 - Questão 17 - Gabarito comentado

Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio

Há um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianças desaprenderem quando navegam, medo de elas viciarem, de obterem informação não confiável, de elas se isolarem do mundo real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse medo é reforçado pela mídia, que costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socialização dos usuários. Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez que há outros meios de comunicação, outros meios de informação e outras alternativas de lazer. E uma questão de equilibrar e não de culpar.

COSCARELLI. C. V. Linguagem em (Dis)curso. n. 3. set.-dez. 2009.

A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientação a esse uso, pois essa tecnologia:

a) está repleta de infomações contáveis que constituem fonte única para a aprendizagem dos alunos.
b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abusivo para evitar que se torne um vício.
c) tende a se tornar um agente negativo na aprendizagem e na socialização de crianças e jovens.
d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mundo quando a aprendizagem é direcionada.
e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo do computador se a navegação for desmedida.


GABARITO: ( D )

RESOLUÇÃO:



 O fragmento em destaque a seguir – “Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem” – mostra que, para a autora, o uso da internet no processo de aprendizado é bem válido, mas deve ser feito de maneira mediada, e não descontrolada. Ou seja, há necessidade de que os estudantes usem a internet, mas que sejam orientados nesse processo.

ENEM 2017 - Questão 16 - Gabarito comentado

TEXTO I

Criatividade em publicidade: teorias e reflexões

Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos departamentos de criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico, no qual os conceitos são tratados à luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano.

DEPEXE, S.D. Travessias: Pesquisas em Educação. Cultura,
Linguagem e Artes, n. 2, 2008.



TEXTO II






















Homenagem ao Dia das Mães 2012. Disponível em:
www.comunicacao.com. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).


Os dois textos apresentados versam sobre o tema criatividade. O Texto I é um resumo de caráter científico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira o Texto II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto l?

a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos.
b) Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.
c) Explorando a polissemia do termo “criação”.
d) Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
e) Utilizando recursos gráficos diversificados.


GABARITO: ( C )

RESOLUÇÃO:


Polissemia é consiste na pluralidade de significados que podem ser assumidos por uma palavra. Nesse sentido, o texto II explora a polissemia da palavra “criação”, tanto no sentido “originalidade de algo”, quanto no sentido de “geração materna” (gerar, criar).

ENEM 2017 - Questão 15 - Gabarito comentado

Sítio Gerimum
Este é o meu lugar [...]
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado.
OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa. n. 88. fev. 2013 (fragmento)

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum" grafada com a letra “g” tem por objetivo:

a) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional
b) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da linguagem poética.
c) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
d) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
e) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.



 GABARITO: ( E )

RESOLUÇÃO:


De acordo com os dicionários “Jerimum” é grafado com J (palavras de origem indígena com o som /j/ deve ser grafada com “j”, como acontece em canjica, Jiboia, Jenipapo). Porém o eu lírico, a fim de reafirmar sua relação afetiva com sua terra natal, faz o registro com G.

segunda-feira, 19 de março de 2018

ENEM 2017 - Questão 14 - Gabarito comentado

PROPAGANDA – O exame dos textos e mensagens de Propaganda revela que ela apresenta posições parciais, que refletem apenas o pensamento de uma minoria, como
se exprimissem, em vez disso, a convicção de uma população; trata-se, no fundo, de convencer o ouvinte ou o leitor de que, em termos de opinião, está fora do caminho certo, e de induzi-lo a aderir às teses que lhes são apresentadas, por um mecanismo bem conhecido da psicologia social, o do conformismo induzido por pressões do grupo sobre o indivíduo isolado.

BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de
política. Brasília: UnB, 1998 (adaptado).

De acordo com o texto, as estratégias argumentativas e o uso da linguagem na produção da propaganda favorecem a:

a)      reflexão da sociedade sobre os produtos anunciados.
b)      difusão do pensamento e das preferências das grandes massas.
c)      imposição das ideias e posições de grupos específicos.
d)     decisão consciente do consumidor a respeito de sua compra.
e)      identificação dos interesses do responsável pelo produto divulgado.


GABARITO: ( C )

RESOLUÇÃO:


As propagandas, de maneira geral, têm a finalidade de convencer o leitor a consumir um produto, uma ideia ou um serviço. Como estratégia para isso, as propagandas apresentam posições parciais, representativas de grupos específicos, como se representassem a totalidade dos consumidores.

ENEM 2017 - Questão 13 - Gabarito comentado

O Farrista

Quando o almirante Cabral
Pôs as patas no Brasil
O anjo da guarda dos índios
Estava passeando em Paris.
Quando ele voltou de viagem
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre:
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez.”
O anjo transpôs a barra,
Diz adeus a Pernambuco,
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória...
E não voltou nunca mais.

MENDES. M. História do Brasil.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1992

A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que:

a)      configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.
b)      remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.
c)      repercute as manifestações do sincretismo religioso.
d)     descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
e)      promove inovações no repertório linguístico.


GABARITO: ( B )

RESOLUÇÃO:


Uma das propostas estéticas do Modernismo é a valorização da linguagem coloquial que, no texto, estão presentes nas expressões “vuco-vuco”, “pôs as patas”, “deu com o vento no anjo”. Além disso, essa obra de Murilo Mendes está em concordância com o ideal iconoclasta (destruidor de imagens) ao remontar o período colonial não de forma idealizada, mas apontado aspectos a serem criticados.

ENEM 2017 - Questão 12 - Gabarito comentado

Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral
dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso
mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.

ANGELO. C. Disponível em: http://super.abril.com.br.
Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).

O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena:

a)      contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares designados.
b)      originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
c)      desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses vindos de Lisboa.
d)     misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas contra o Quilombo dos Palmares.
e)      expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas.


GABARITO: ( A )

RESOLUÇÃO:

Importante, antes de analisar a questão, dizer que “depreender”, significa deduzir. Nesse caso, a resposta não está explícita no texto, o candidato deve ler o texto a fim de chegar a uma conclusão.

Conforme o texto, percebe-se a influência da língua indígena no português brasileiro através dos nomes de vários lugares: “Piratininga”, “Avanhandava”, “Pindamonhangaba”. Ou seja, nosso léxico (conjunto de vocábulos de uma língua) recebe efetivamente contribuição da língua indígena.

ENEM 2017 - Questão 11 - Gabarito comentado

O consumidor do século XXI. chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associação das características apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influência da:

a) cultura do comércio eletrônico.
b) busca constante pelo menor preço.
c) divulgação de informações pelas empresas.
d) necessidade recorrente de consumo.
e) postura comum aos consumidores tradicionais.

GABARITO: ( A )

RESOLUÇÃO:

É conveniente analisar dois aspectos do enunciado: 1) o “infere-se”, verbo que significa deduzir, chegar a uma conclusão por meio da dedução; 2) “O consumidor do século XXI (...) tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional”, frase que faz um direcionamento ao candidato para desconsiderar as opções que versam sobre comportamento comum dos consumidores tradicionais – p.ex.: “busca constante pelo menor preço”. Por isso o candidato deve analisar todo o texto a fim de chegar a uma conclusão, algo que não estará explícito no texto.
O texto em apreço, inclusive pelo uso de termos comuns nos meios eletrônicos,  mostra que o novo consumidor social é influenciado pelos meios digitais, portanto pela cultura do comércio eletrônico.

sábado, 17 de março de 2018

ENEM 2017 - Questão 10 - Gabarito comentado

Essas moças tinham o vezo de afirmar o contrário do que desejavam. Notei a singularidade quando principiaram a elogiar o meu paletó cor de macaco. Examinavam-no sérias, achavam o pano e os aviamentos de qualidade superior, o feitio admirável. Envaideci-me: nunca havia reparado em tais vantagens. Mas os gabos se prolongaram, trouxeram-me desconfiança. Percebi afinal que elas zombavam e não me susceptibilizei. Longe disso: achei curiosa aquele maneira de falar pelo avesso, diferente das grosserias a que me habituara. Em geral me diziam com franqueza que a roupa não me assentava no corpo, sobrava nos sovacos.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1994.

Por meio de recursos linguísticos, os textos mobilizam estratégias para introduzir e retomar ideias, promovendo a progressão do tema. No fragmento transcrito, um novo aspecto do tema é introduzido pela expressão:

a) “a singularidade”.
b) “tais vantagens”.
c) “os gabos”.
d) “Longe disso”.
e) “Em geral”.

GABARITO: ( D )

RESOLUÇÃO:


“Longe disso” principia novo entendimento em relação às zombarias feitas através de elogios. O narrador, no entanto, acha “curiosa aquela maneira de falar pelo avesso”. Portanto, a expressão em destaque marca o momento em que o narrador percebe que as moças não o elogiavam, mas zombavam dele por meio da ironia.

ENEM 2017 - Questão 9 - Gabarito comentado

TEXTO I

Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Todos os três de chapéu na mão

O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem Tereza deu a mão

ATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).
TEXTO II

Outra interpretação é feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua vida.

Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.

O comentário do texto II sobre o texto I evoca a mobilização da língua oral que, em determinados contextos,

a)      assegura a existência de pensamentos contrários à ordem vigente.
b)      mantém a heterogeneidade das formas de relações sociais.
c)      conserva a influência religiosa sobre certas culturas.
d)     preserva a diversidade cultural e comportamental.
e)      reforça comportamentos e padrões culturais.




GABARITO: ( E )

RESOLUÇÃO:

A ideia de que a língua oral reforça comportamentos e padrões culturais presente no comentário do texto ii sobre o texto i recai sobre a visão patriarcal e a submissão feminina ao homem – pai, irmão e marido.


ENEM 2017 - Questão 8 - Gabarito comentado

Mas assim que penetramos no universo da web, descobrimos que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se. O melhor guia para a web é a própria web. Ainda que seja preciso ter a paciência de explorá-la. Ainda que seja preciso arriscar-se a ficar perdido, aceitar “a perda de tempo” para familiarizar-se com esta terra estranha. Talvez seja preciso ceder por um instante a seu aspecto lúdico para descobrir, no desvio de um link, os sites que mais se aproximam de nossos interesses profissionais ou de nossas paixões e que poderão, portanto, alimentar da melhor maneira possível nossa jornada pessoal.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

O usuário iniciante sente-se não raramente desorientado no oceano de informações e possibilidades disponíveis na rede mundial de computadores. Nesse sentido, Pierre Lévy destaca como um dos principais aspectos da internet o(a):

a)      espaço aberto para a aprendizagem.
b)      grande número de ferramentas de pesquisa.
c)      ausência de mapas ou guias explicativos.
d)     infinito número de páginas virtuais
e)      dificuldade de acesso aos sites de pesquisa.



GABARITO: ( A )

RESOLUÇÃO:


Apesar de o autor do texto afirmar que a internet pode deixar usuários perdidos devido à sua infinidade de informações, ele destaca que é possível  encontrar soluções na própria web, pois ela oferece muitos recursos para explorar. A frase “o melhor guia para a web é a própria web” reforça o caráter autoexplicativo dos ambientes virtuais, o que o torna, seguramente, um local aberto para a aprendizagem.


quarta-feira, 14 de março de 2018

ENEM 2017 - QUESTÃO 7 - Gabarito comentado

Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […].
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta, Disponível em: www.dominimopublico.gov.br
Acesso em: 9 out. 2015.


No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a):

a)      indignação face à suspeita do adultério da esposa.
b)      tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
c)      espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
d)     prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio.
e)      superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.




GABARITO: ( D )

COMENTÁRIO:


Perceba que o personagem Fortunato, ao observar, satisfeito (“saboreou”), o sofrimento de Garcia -  “Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral” – deixa evidente que sente prazer pelo sentimento do outro personagem.

ENEM 2017 - QUESTÃO 6 - Gabarito comentado

Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro


Ao tuitar ou comentar embaixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”. Você talvez também reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wall — Social Media, The first 2 000 Years (Escrevendo no mural — mídias sociais, os primeiros 2 mil anos, em tradução livre).
Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Standage à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões.”
Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem.
NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado).


Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero mensagem, identifica-se como característica que perdura ao longo dos tempos o(a):

a)      imediatismo das respostas.
b)      compartilhamento de informações.
c)      interferência direta de outros no texto original.
d)     recorrência de seu uso entre membros da elite.
e)      perfil social dos envolvidos na troca comunicativa.



GABARITO: ( B )

COMENTÁRIO:




O texto em apreço faz comparação entre comunicação antiga e a atual. Na Roma Antiga, Cícero, filósofo e político, junto com membros da elite romana, costumava repassar adiante comentários em “uma espécie de rede de contatos”. Esse hábito se assemelha ao compartilhamento de informações nas redes sociais.