MEUS LIVROS

Pessoal, tenho dois livros lançados. Para adquiri-los acesse os links a seguir:

Nos trilhos do trem e outras (livro impresso) crônicas: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/nos-trilhos-do-trem-e-outras-cronicas/

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (versão e-book): https://www.amazon.com.br/Verso-Prosa-Poesias-para-cr%C3%B4nicas-ebook/dp/B08ZY24DPG/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=verso+e+prosa&qid=1618406411&sr=8-1

Verso e Prosa: poesias para a alma, crônicas para a vida (livro impresso): https://clubedeautores.com.br/livro/verso-e-prosa-2

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CONHECENDO O AUTOR DO BLOG

O professor e escritor Marcos Cortinovis Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, na capital, em 1975. Após estabelecer-se profissionalmente como professor, foi morar em Mangaratiba, município da Costa Verde fluminense, onde permaneceu por três anos. Atualmente reside em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, compreendida entre a Baixada Fluminense e a Costa Verde.

Casou-se em 1998, tem dois filhos e um neto. Estudou Direito, mas não chegou a se formar, trancou o curso quando iniciou o quinto ano da faculdade e, em seguida, ingressou no curso de Letras. Fez especialização em Linguística e Língua Portuguesa e cursou Mestrado, cuja pesquisa volta-se à leitura e produção textual de alunos em privação de liberdade.

É professor da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, possui duas matrículas públicas: por uma delas, é lotado em uma escola situada em um presídio, onde, além de lecionar Língua Portuguesa e Literatura, coordena trabalhos extraclasse – o Festival de Música e o Café Literário – os quais visam não apenas o desenvolvimento intelectual dos alunos, mas também a sensibilidade artística deles; por outra matrícula, leciona Português e Literatura em Itaguaí.

Lançou-se pela primeira vez no mundo da literatura como escritor com a obra "Nos trilhos do trem e outras crônicas", em que, além de outros temas, inspira-se no dia a dia do trem suburbano do Rio de Janeiro.

Além disso, inspirou-se em cronistas pelos quais tem grande admiração – Luís Fernando Veríssimo, Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga e Zuenir Ventura – e pretende alçar mais voos no universo literário.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Exercícios - Transitividade verbal e preposição

TEXTO










1) O humor da tira é construído a partir da insatisfação do personagem. O que o deixou insatisfeito?

2) Destaque da tirinha:
     a) quatro preposições puras
     b) uma contração

3) Determine o valor semântico (sentido) das preposições presentes no balão do segundo quadrinho.

4) Relação, conforme o sentido das preposições destacadas:
A – Causa
B – Posse
C – Companhia
D – Finalidade
E - Assunto
  
(           ) O livro do professor está emprestado aos alunos.
(           ) Fomos com os amigos ao cinema.
(           ) O animal morreu de fome.
(           ) Fizemos o trabalho sobre questões ambientais.
(           ) O cenário foi enfeitado para as festas.


 5) Complete com a preposição adequada – A- EM – DOS – DE – COM – SEM – EM – PERANTE - SOBRE:
a) Saí __________ meus pais.
b) Estamos __________ luz há alguns minutos.
c) Minha família morou __________ Pernambuco vários anos.
d) Minha mãe gostava __________ conversar __________ arte.
e) __________ o juiz, ele não abriu a boca.
f) Estarei __________ Curitiba na próxima quinta-feira.
g) Deteve-se um instante ___________ observar o movimento ___________ pedestres.

6) Os verbos das frases abaixo são verbos transitivos diretos e indiretos, logo, possuem dois objetos: um direto e outro indireto. Identifique-os:

a) O pai emprestou o carro ao filho.
objeto direto: ___________________________ objeto indireto: ____________________________

b) A palavra do médico deu ao doente uma esperança de cura.
objeto direto: ___________________________ objeto indireto: ____________________________

c) Aos vencedores daremos prêmios valiosos.
objeto direto: ___________________________ objeto indireto: ____________________________

d) O garoto escreveu uma carta ao irmão.
objeto direto: ___________________________ objeto indireto: ____________________________

7) Classifique os verbos usando as indicações abaixo:
VI = verbo intransitivo
VTD =  verbo transitivo direto
VTI = verbo transitivo indireto
VTDI = verbo transitivo direto e indireto

(           ) A bomba destruiu a loja.
(           ) Crianças gostam de brinquedos.
(           ) Ele escreveu uma carta ao filho.
(           ) O telhado desabou de repente.

8) Substitua o termo destacado pelo pronome oblíquo correspondente:

a)     Amaram o pai até o último instante.
                                                                                                                                   
b)    Carlinhos ganhou um belo presente.
                                                                                                                                   
c)     Foi preciso vender as joias.
                                                                                                                                   
d)    Entreguei o livro ao balconista.
                                                                                                                                   

Texto



9) Destaque do primeiro quadro:
          a) Um Verbo transitivo Indireto:
          b) Um Objeto Indireto:
          c) Um Verbo Transitivo Direto:
          d) Um Objeto Direto:

10) Observe o contexto apresentado na tirinha. Explique a última fala de Helga.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Grito Negro, por José Craveirinha


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.

Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.

Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Regresso, por Amilcar Cabral



Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde,
da cor mais bela, porque é a cor da esp´rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!

Contratados, Agostinho Neto


Longa fila de carregadores
domina a estrada
com os passos rápidos
Sobre o dorso
levam pesadas cargas
Vão
olhares longínquos
corações medrosos
braços fortes
sorrisos profundos como águas profundas
Largos meses os separam dos seus
e vão cheios de saudades
e de receio
mas cantam
Fatigados
esgotados de trabalhos
mas cantam
Cheios de injustiças
calados no imo das suas almas
e cantam
Com gritos de protesto
mergulhados nas lágrimas do coração
e cantam
Lá vão
perdem-se na distância
na distância se perdem os seus cantos tristes
Ah!
eles cantam...

O pulso, por Titãs



O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...
Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia
Rancor, cisticercose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...
E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa
Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia
Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...
E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...
Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Cãibra, lepra, afasia...
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Pulso
Pulso
Pulso
Pulso
Assim...

Soneto de Fidelidade, por Vinícius de Moraes


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

A aliança, de Luís Fernando Veríssimo



     Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.     Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.

— Você não sabe o que me aconteceu!

— O quê?

— Uma coisa incrível.

— O quê?

— Contando ninguém acredita.

— Conta!

— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?

— Não.

— Olhe.

E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.

— O que aconteceu?

E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.

— Que coisa - diria a mulher, calmamente.

— Não é difícil de acreditar?

— Não. É perfeitamente possível.

— Pois é. Eu...

— SEU CRETINO!

— Meu bem...

— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.

— Mas, meu bem...

— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!

E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:

— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:

— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.

Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.

— O mais importante é que você não mentiu pra mim.

E foi tratar do jantar.

Texto extraído do livro "
As mentiras que os homens contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 37.

Passeio Noturno, de Rubem Fonseca


        Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa-de-cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando empostação de voz, a música quadrafônica do quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala? Perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.
        Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
       A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescidos, eu e a minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.
       Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
        Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu carro. Tirei o carro dos dois, botei na rua, tirei o meu e botei na rua, coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico, Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na Avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher?, realmente não fazia grande diferênça, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mail fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som das borrachas dos pneus batendo no meio-fio. Pequei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em onze segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de vermelho, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
        Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.
       A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia. 

Garoto linha dura, por Stanislaw Ponte Preta


Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra a uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai. 
Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.



O pai chamou o Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?
Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima idéia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.
Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo: - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? - e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.
Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:
- Quem quebrou foi o garoto do vizinho.
- Você tem certeza?
- Juro.
Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas - quando o pai fez ameaça - Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.
Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e, já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha idéias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:
- Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender à porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.

(Stanislaw Ponte Preta, Dois amigos e um chato. São Paulo, Moderna, 1995.)

sábado, 11 de agosto de 2012

Exercícios - Coesão e coerência


1)     O humor da tira abaixo é construído a partir de uma incoerência. Que incoerência é essa?

2)     Dê coerência às frases abaixo:

a)     Eu estava com muito sono porque eu deitei bem cedo.
b)    Fazia muito frio, portanto mesmo assim fomos à praia.
c)     Faça a prova com atenção, assim você não tirará boa nota.

3)     A ambiguidade (duplo sentido das expressões) é um vício que impede o bom entendimento dos textos. Elimine a ambiguidade das frases a seguir:

a)     Maria deixou a sala completamente suja.
b)    O advogado viu o réu saindo do tribunal.
c)     O avô conversou muito com neto em seu quarto.

4)     A ambiguidade pode ser um recurso da linguagem, sendo assim, não constituirá erro. Explique o efeito que a ambiguidade causou no texto abaixo:


5)     Reescreva as orações usando elementos de coesão para elaborar um texto com elas:

a)      Os homens não ficam deslumbrados na frente de uma vitrine.
b)      Eles não compram por impulso. Não têm paciência para a burocracia do crediário.
c)      O público feminino sente uma atração irresistível pelas ofertas e liquidações do mercado consumidor.
d)     As propagandas normalmente são direcionadas às mulheres.
e)      As mulheres têm papel importante na decisão de compra de um homem.
f)       Eles dizem que as mulheres têm bom gosto, conhecem marcas e sabem se um produto é bom, caro ou barato.

6)     Quando o treinador Leão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira de futebol, o jornal Correio Popular publicou um texto com muitas imprecisões, do qual conta a seguinte passagem:
“Durante a sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970, quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram pensados com um racionalismo típico de sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmílson, 53 anos, e Édson, 58, são médicos.”
(Correio Popular, Campinas, 20 out. 2000.)

a)      O que aconteceria com Leão se ele, efetivamente, ficasse “aprimorando seus defeitos”? Reescreva o trecho de maneira que seja eliminado o equívoco.

b)      A expressão “por outro lado”, no início do segundo período, contribui para tornar o trecho incoerente. Por quê?


7)     Construa uma nova versão do texto abaixo, utilizando em relação à palavra Vera, os mecanismos de coesão que julgar adequados.

“Desde cedo o rádio noticiava: um objeto voador não identificado estava provocando pânico entre os moradores de Valéria. A primeira reação de Vera foi sair da cama e correr para o porto. Fazia seis meses que Vera andava trabalhando em Parintins. Vera levantava cedo todos os dias e passava a manhã inteira conversando com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Vera estava em Parintins, tentando convencer os trabalhadores a mudar a técnica do plantio da várzea.”



GABARITO
1) Tampar a boca com uma rolha não constitui cura.

2)
a. Eu estava com muito sono, POR ISSO deitei cedo.
b. Fazia muito frio, MAS fomos à praia mesmo assim.
c. Faça a prova com atenção, OU você não tirará boa nota.

3)
a. Maria deixou a sala que estava completamente suja.
Maria, que estava muito suja, deixou a sala.

b. O advogado, que estava saindo do tribunal, viu o réu.
O advogado viu o réu que saia do tribunal.

c. O avô, em seu quarto, conversou muito com o neto.
O avô, no quarto do neto, conversou muito com ele.

4) A ambiguidade causou efeito de humor ao texto, pois a expressão “bom pra burro”, assume dois sentidos: o de intensificar o adjetivo BOM ou o de indicar falta de conhecimento.

5) Os homens não ficam deslumbrados na frente de uma vitrine, PORQUE não compram por impulso E não têm paciência para a burocracia do crediário. JÁ o público feminino sente uma atração irresistível pelas ofertas e liquidações do mercado consumidor, CUJAS propagandas normalmente são direcionadas às mulheres, QUE têm papel importante na decisão de compra de um homem, OS QUAIS dizem que as mulheres têm bom gosto, conhecem marcas e sabem se um produto é bom, caro ou barato.

6)

a) Ele não iria melhorar como atleta e não seria convocado para a seleção brasileira.
“Por outro lado, costumava ficar horas CORRIGINDO seus defeitos após os treinos” OU “Por outro lado, costumava ficar horas aprimorando SUAS HABILIDADES após os treinos.”

b) “Por outro lado” é um marcador discursivo de cunho contrastivo. No texto em apreço, a frase iniciada por esse marcador, não contrasta com a ideia de “disciplinado” da frase anterior.

7) “Desde cedo o rádio noticiava: um objeto voador não identificado estava provocando pânico entre os moradores de Valéria. A primeira reação de Vera foi sair da cama e correr para o porto. Fazia seis meses que ELA andava trabalhando em Parintins. A MOÇA levantava cedo todos os dias e passava a manhã inteira conversando com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. SEU OBJETIVO em Parintins ERA convencer os trabalhadores a mudar a técnica do plantio da várzea.”
 

terça-feira, 15 de maio de 2012

A volta, de Luís Fernando Veríssimo


Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
— Você não tinha um cachorro?
— O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
— Seu Adolfo, certo?
— Lupércio.
— Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
— Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
— Qual é a mais antiga?
— A Moderna.
— Então é essa.
— Fica na Rua Voluntários da Pátria.
Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
— Titia?
— Puluca!
— Bem, meu nome é...
— Todos chamavam você de Puluca. Entre.
Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
— Riachinho, Puluca?
— É, por quê?
— Você vai para Riachinho?
Ele não entendeu.
— Eu estou em Riachinho.
— Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
— Então eu desci na estação errada!
Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
— Como é mesmo o seu nome?
Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

Poemas: interpretação e sintaxe (sujeito)

Texto 1

Escola
(José Paulo Paes)
Escola é o lugar aonde a gente vai quando não está de férias.
A chefe da escola é a diretora.
A diretora manda na professora.
A professora manda na gente.
A gente não manda em ninguém.
Só quando manda alguém plantar batata.

Além de fazer lição na escola, a gente tem de fazer lição de casa.
A professora leva nossa lição de casa para a casa dela e corrige.
Se a gente não errasse, a professora não precisava levar lição para casa.
Por isso é que a gente erra.
Embora não seja piano nem banco, a professora também dá notas.
Quem não tem notas boas, não passa de ano.
(Será que fica sempre com a mesma idade?)

1) Leia o verso “Escola é o lugar aonde a gente vai quando não está de férias” e faça o que se pede: 

a)    Determine o número de verbos:
b)    Identifique o sujeito de cada verbo:

2)    Destaque o núcleo do sujeito dos versos a seguir:

a)    “A chefe da escola é a diretora.”
b)    A diretora manda na professora.
c)    “A professora manda na gente.”
d)    “A gente não manda em ninguém.”

3) No poema, que comparação o poeta faz com a professora? Por que o poeta faz tal     comparação?

Texto 2

Convite
(José Paulo Paes)


Poesia
é brincar com as palavras
como se brinca com bola,
papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
Quanto mais se brinca
com elas,
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

1) Que relação há entre o título e o poema?

2)    Segundo poeta, que diferença há em brincar com bola, papagaio e pião e brincar com palavras?

3) Leia a 2ª estrofe e determine o sujeito do verbo “gastar” e classifique-o:

Texto 3

Soneto de fidelidade
(Vinícius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

1) Marque a opção cujo sentimento não é adequado ao poema:
a)    Amor
b)    Lealdade
c)    Fidelidade
d)    Mágoa

2)    Alguns versos do poema estão em ordem inversa. Organize-os em ordem direta (sujeito – verbo – complemento).

a)    “ao meu amor serei atento”.
b)    “em seu louvor hei de espalhar meu canto.

3)    Identifique o sujeito dos versos abaixo e classifique-os:

a)    “Dele se encante mais meu pensamento."
b)    “Quero vivê-lo em cada momento”

4) A que sentimento o poeta se refere nos versos “Que não seja imortal posto que é chama/mas que seja infinito enquanto dure”? Justifique.