1. (ENEM
– 2014)
Óia
eu aqui de novo
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu
aqui de novo para xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que
eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso
levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo
xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve
xaxar
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a
mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama
Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raquel
Diz que eu tou aqui
com alegria
BARROS,
A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www. luizluagonzaga.mus.br.
Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).
A
letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do
repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que
singulariza uma forma característica do falar popular regional é:
a)
“Isso é um desaforo”
b)
“Diz que eu tou aqui com alegria”
c)
“Vou mostrar pr’esses cabras”
d)
“Vai, chama Maria, chama Luzia”
e)
“Vem cá morena linda, vestida de chita”
-
(ENEM
– 2014)
Em
bom português
No
Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é
somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa
mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a
gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada
dia uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive
descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam
assim:
– Assisti
a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.
Os
que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que
viram um filme com um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar
em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni,
carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em
vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado,
vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de
trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de
apresentar sua mulher.
SABINO,
Fernando. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado).
A
língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes
socioculturais. O texto exemplifica essa característica da língua,
evidenciando que:
a)
o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das
antigas.
b)
a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação
de gerações.
c)
o emprego de palavras com sentidos diferentes.
d)
a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe
social a que pertence o falante.
e)
o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias
é frequente em todas as regiões.
(ENEM
– 2015)
Assum
preto
(Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Tudo
em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas
assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez
por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum
preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum
preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma
gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.
As
marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum
preto resultam da aplicação de um conjunto de princípios ou regras
gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico.
No texto, é resultado de uma mesma regra, a:
a)
pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.
b)
pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
c)
flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”.
d)
redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em
frô”.
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.
-
(ENEM
– 2017)
No
dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico literário,
comentou que apontar um erro de português no título do filme Que
horas ela volta? “revela visão curta sobre como a língua
funciona”. E justifica: “O título do filme, tirado da fala de um
personagem, está em registro coloquial. Que ano você nasceu? Que
série você estuda? e frases do gênero são familiares a todos os
brasileiros, mesmo com alto grau de escolaridade. Será preciso
reafirmar a esta altura do século 21 que obras de arte têm
liberdade para transgressões muito maiores? Pretender que uma obra
de ficção tenha o mesmo grau de formalidade de um editorial de
jornal ou relatório de firma revela um jeito autoritário de
compreender o funcionamento não só da língua, mas da arte também.”
(Adaptado
do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em http:// www
melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-que-ano-estamos-mesmo/.
Acessado em 08/06/2016.)
Entre
os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a seguir,
assinale aquele que corrobora os comentários do post.
a)
Numa sociedade estruturada de maneira complexa a linguagem de um dado
grupo social reflete-o tão bem como suas outras formas de
comportamento. (Mattoso Câmara Jr., 1975, p. 10.)
b)
A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua portuguesa,
corresponde a um modelo próprio das classes dominantes e das
categorias sociais a elas vinculadas. (Camacho, 1985, p. 4.)
c)
Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica ou
científica para continuar condenando como erros os usos linguísticos
que estão firmados no português brasileiro. (Bagno, 2007, p. 161.)
d)
Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem é capaz de
compreender uma gramática – que nada mais é do que o resultado de
uma (longa) reflexão sobre a língua. (Geraldi, 1996, p. 64.)
-
(ENEM
– 2013)
Até
quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e
pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E
muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta
olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que
te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer
que você tenha que sofrer!
GABRIEL,
O Pensador. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de
Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
As
escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:
a)
caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b)
cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c)
tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d)
espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e)
originalidade, pela concisão da linguagem.
GARITO
1
– C
2
– B
3
– B
4
– C
5
– D
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