1) (Enem-2014 - adaptada)
Miss Universo: "As pessoas racistas devem procurar ajuda"
SÃO PAULO - Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira negra a receber a faixa de Miss Universo. A primazia coube a Janelle "Penny" Commissiong, de Trinidad e Tobago, vencedora do concurso em 1977. Depois dela vieram Chelsi Smith, dos Estados Unidos, em 1995; Wendy Fitzwilliam, também de Trindad e Tobago, em 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em 1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a se eleger Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classificação geral. Ainda assim a estupidez humana faz com que, vez ou outra, surjam manifestações preconceituosas como a de um site brasileiro que, às vésperas da competição, e se valendo do anonimato de quem o criou, emitiu opiniões do tipo "Como alguém consegue achar uma preta bonita?" Após receber o título, a mulher mais linda do mundo - que tem o português como língua materna e também fala fluentemente o inglês - disse o que pensa de atitudes como essa e também sobre como sua conquista pode ajudar os necessitados de Angola e de outros países.
COSTA, D. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 set 2011 (adaptado)
O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto tem como finalidade:
a) criticar o teor das informações fatuais até ali veiculadas, pois trata-se de uma conjunção com sentido de causa.
b) questionar a validade das ideias apresentadas anteriormente, já que é uma conjunção com valor semântico de condição.
c) comprovar a veracidade das informações expressas anteriormente, devido ao seu teor comparativo.
d) introduzir argumentos que reforçam o que foi dito anteriormente, uma vez que seu sentido é semelhante a “conforme”.
e) enfatizar o contrassenso entre o que é dito antes e o que vem em seguida, pois seu valor semântico é de quebra de expectativa.
2) Leia o trecho de O cortiço:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.
Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela.
(Fragmento de O cortiço, de Aluísio Azevedo, disponível em https://pt.wikisource.org/wiki/Página:O_cortiço.djvu/49)
No trecho “ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas”, a conjunção “como” garante a ele sentido de comparação. Esse mesmo sentido é observado em:
a) “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava”
b) “mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas”
c) “Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo”
d) “ dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia”
e) “ o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros”
3) Leia o trecho de Desastre de Sofia:
Podem acusar-me: estou com a consciência tranquila. Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão, e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia vermelho: — Cale-se ou expulso a senhora da sala. Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim, ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. Ele me irritava. De noite, antes de dormir, ele me irritava.
(LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1977. p. 11)
Reescrevendo o trecho inicial – Podem acusar-me: estou com a consciência tranquila – sem os dois-pontos e mantendo-se o seu sentido original, obtém-se a seguinte construção oracional:
a) Podem acusar-me, embora eu esteja com a consciência tranquila
b) Podem acusar-me, assim com estou com a consciência tranquila
c) Podem acusar-me, desde que esteja com a consciência tranquila
d) Podem acusar-me, pois estou com a consciência tranquila
e) Podem acusar-me, conforme estou com a consciência tranquila
4)
(Disponível em http://walkermoreira.blogspot.com/2013/03/regencia-verbal-assunto-e-exercicio.html)
Atente-se ao diálogo entre os personagens, considerando o uso da
regência do verbo “lembrar”. Seria portanto correto afirmar que:
a) em ambas situações o emprego do verbo lembrar está em desacordo
com a norma culta, porém é aceitável devido à informalidade da situação
comunicativa.
b) em ambas situações o emprego do verbo lembrar está de acordo
com a norma culta, apesar da informalidade da situação comunicativa.
c) a formalidade exigida pela situação comunicativa é ferida pelo
desvio gramatical no uso do verbo lembrar.
d) em tais situações o verbo lembrar deve ser pronominal, portanto
não há desvio à norma culta.
e) apesar de informal, a situação comunicativa exige o uso
correto da regência verbal, pois, sem ela, a comunicação será prejudicada.
5)
Segundo as regras da
gramática normativa, há uma inadequação de regência verbal na última fala da
esposa. Em relação a essa afirmação e ao contexto apresentado na tirinha,
identifique o item que contém uma informação que não corresponde com a verdade:
a)
O erro no uso da regência, no contexto dado, não traz prejuízo ao
bom entendimento da frase proferida pela personagem.
b)
Por tratar-se de uma situação informal de comunicação, não se
aplica o rigor gramatical nas construções frasais.
c)
O gênero textual em análise constrói-se necessariamente por fala,
por isso privilegia o uso gramatical com mais afinidade à língua falada,
despreocupada com o rigor gramatical.
d)
Usar, como transitivo direto, o verbo “assistir” no sentido de ver ou presenciar é a forma consagrada pela maioria dos falantes da língua
portuguesa, especialmente em situações informais de comunicação, como no caso
da tirinha em análise.
e)
O erro no uso da regência, no contexto dado, com certeza,
prejudicou o bom entendimento da frase, isso justifica, inclusive o “não” dado
pelo esposo.
GARITO
1 – e
2 – d
3 – d
4 – a
5 – e