Texto 1
FUNAI QUER
BRANCOS DISTANTES DAS TRIBOS
Às margens de dois rios da reserva indígena do vale
do Javari, no sudoeste do Estado do Amazonas, vivem alguns dos últimos povos do
planeta que nunca tiveram contato com o resto da sociedade. Não se sabe quantos
são, que língua falam e por que decidiram viver isolados até de outras tribos
indígenas.
Diferentemente do que ocorreu centenas de vezes,
uma expedição enviada pela Funai (Fundação Nacional do Índio) à região deu
início a um esforço para manter esses índios assim, longe da linha de tiro de
garimpeiros, madeireiros, caçadores e pescadores. Será montado um posto com
poderes policiais para proteger os índios isolados do resto do Brasil.
Na nova visão indigenista oficial, se continuarem à
distância da sociedade brasileira, os índios viverão mais felizes do que os 345
mil indígenas das tribos conhecidas do resto do país. Eles continuarão tendo de
derrubar árvores com machados de pedra e acender fogo atritando gravetos. Em
compensação, dificilmente terão de enfrentar epidemias de gripe, casos de
alcoolismo e o desaparecimento de parte da sua cultura.
"Esse é um trabalho para ganhar tempo. Mas não
um tempo para esses índios que, afinal, vivem nessa região há centenas de anos.
Tempo para que nós, da sociedade branca dominadora, possamos aprender uma forma
de tratá-los com dignidade", diz o chefe da expedição, Sydney Possuelo,
diretor do Departamento de Índios Isolados da Funai.
Para proteger os índios desconhecidos, a equipe da
Funai esquadrinhou 5.274 km de rios e 80 km de selva amazônica. Descobriu que a
região é regularmente invadida por garimpeiros, caçadores e madeireiros.
Se nada for feito, fatalmente haverá confronto
entre os invasores e as tribos isoladas. E o histórico das relações entre
índios armados com flechas e zarabatanas contra ribeirinhos com armas de fogo é
favorável ao segundo grupo.
Foi o caso da última tribo indígena contatada no
país, os corubos. Eles também habitam
as matas do vale do Javari e foram contatados por uma equipe liderada por
Possuelo em 1996.
Entre os 21 corubos
contatados, havia sete índios com chumbo no corpo. "Os corubos são um caso
diferente porque estavam sendo caçados por madeireiros que queriam expulsá-los
de suas terras. No caso dos corubos, ou se fazia o contato ou se assistia a um
massacre. No caso desses novos isolados, podemos agir antes", afirma
Possuelo.
A visão, claramente inspirada no mito do "bom
selvagem", de que índios isolados devem ser protegidos da contaminação da
sociedade moderna faz parte de uma reviravolta na política indigenista
brasileira.
No início do século 20, certo de que os índios
caminhavam para a extinção, o marechal Cândido Mariano Rondon (descendente de
espanhóis, portugueses e das tribos bororó,
terena e guaná) defendia a
integração e a miscigenação como solução.
Nos anos 50 e 60, também temendo a possibilidade de
extinção, os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas organizaram o
parque do Xingu, um santuário para as nações indígenas sem a presença de
brancos.
Nas décadas de 70 e 80, a construção de rodovias e
os projetos de colonização forçaram a Funai a realizar dezenas de contatos na
Amazônia, todos desastrosos. Um deles, chefiado pelo próprio Sydney Possuelo,
tentou pacificar os índios araras, do
Pará.
Menos de quatro anos depois, um quarto da população
havia morrido de gripe ou catapora. Só no final dos anos 80 a Funai reviu a sua
política de contatos. Para os últimos índios isolados, talvez ainda não seja
tarde.
1)
Qual
a finalidade da reportagem em apreço?
2)
Segundo
a reportagem, a história mostra que, na luta entre índios que vivem isolados e
invasores, quem perde são os índios. Por que isso acontece?
3)
De
acordo com a visão indigenista
oficial, como devem viver os indígenas? Que vantagens os índios que vivem
isolados do restante da sociedade têm em relação aos indígenas de tribos
conhecidas?
4)
Por
que Marechal Cândido Rondon (no início do século 20) e os irmãos Orlando,
Cláudio e Leonardo Villas-Bôas (nos anos 50 e 60) tentaram proteger os índios?
Que medidas eles defendiam ou adotaram em prol dos índios?
5)
Além
da voz do jornalista, existe(m) outra(s) voz(es) na reportagem. Indique de quem
é/são a(s) voz(es), qual o tipo de discurso utilizado para introduzi-la(s) e
com que indicação ela(s) foi/foram reproduzida(s).
6)
Reescreva
um fragmento do texto que representa um posicionamento pessoal do jornalista.
Texto 2
7) Qual
o objetivo da propaganda acima?
8) Explique
a importância dos termos em oposição na propaganda.
9) Qual
o argumento usado pelo criador da propaganda?
10) No
anúncio publicitário há a junção entre a linguagem verbal e não verbal. Se, no
anúncio em questão, existisse apenas a linguagem verbal, seria possível saber
de que produto se tratava? Por quê?
Texto 3
11) Qual
o argumento da propaganda?
12) De
acordo com a imagem, qual é o principal objetivo do creme “Dove”?
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